Pais vão ao teatro alertar que "rituais não são praxes"
Fernanda Cristóvão, mãe de Catarina Soares - que estava entre os seis estudantes da Universidade Lusófona que a 15 de dezembro perderam a vida na praia do Meco, arrastados por uma onda - justifica assim a homenagem às vítimas agendada para a noite desta quinta-feira.
Os pais de quatro dos jovens assinalam os cinco meses sobre a tragédia assistindo à peça 'Isto não é uma praxe', do encenador Marcoantónio Del Carlo, que está em cena no Centro Cultural Malaposta, em Lisboa.
O próprio encenador já admitiu ao DN ter ficado surpreendido ao saber que os familiares vão assistir ao seu espetáculo, assegurando que a peça que está em cena em Olival de Basto "não tem nada a ver com praxes", mas os pais querem aproveitar a oportunidade para alertarem que "algumas praxes não são meras brincadeira, havendo muitos casos que põem pessoas em perigo e outros que terminam de forma trágica", insiste Fernanda Cristóvão.
A ideia dos pais se juntarem no teatro partiu de Fátima Negrão, a mãe Pedro Tito Negrão, dando seguimento aos habituais encontros dos familiares nos dias 15 de cada mês. Apenas os pais de Joana Barroso (Santiago do Cacém) e de Andreia Revez (Loulé) não vão marcar presença, devido à distância.
"A união entre os pais na busca da verdade tem sido o nosso grande apoio", sustenta ainda Fernanda Cristóvão, numa altura em que o inquérito caminha para o fim, devendo a PJ de Setúbal entregar o relatório ao Ministério Público (MP) de Almada até final do mês, apontando para o arquivamento do processo.
Os pais acusam o sobrevivente e "dux" João Gouveia do crime de exposição, mas a investigação não terá encontrado indícios de atividades praxistas associadas às mortes dos seis alunos finalistas, que eram os representantes dos respetivos cursos no COPA (Conselho Oficial de Praxe Académica), o que justifica o facto de João Gouveia não ter sido constituído arguido.